Dizem que escrever é uma forma de Auto amor.

Mas eu acho que escrever nada mais é do que emprestar a própria atenção a si mesma.

É o olhar para dentro, e ver o que temos de mais íntimo e criativo dentro de nós.

Já ouvi por aí dizer que “escrever poupa-nos idas ao psiquiatra”.

Assim sendo…

Pouparei decerto idas ao psiquiatra. E espero com isso levar alegria e amor a todos vocês.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Quando acordou não sabia onde estava. Por momentos pensou estar morta, mas nenhum morto teria tantas dores como as que ela estava sentido neste momento. Não se conseguia mexer, era como se estivesse amarrada á cama, e nem conseguia rodar a cabeça porque tinha algo no pescoço que a impedia de fazer qualquer movimento. Não fazia a menor ideia de onde estava, ou melhor… até fazia, pelo cheiro forte a desinfectantes hospitalares. De resto não se lembrava de mais nada.  A última coisa que se lembra foi de um jantar tardio em casa da mãe, da discussão com a irmã mais nova, do barulho que a porta fez quando saiu e de ligar a ignição do carro, mas isso tinha sido quando? Ontem? Há um mês… um ano?
Agora está aqui sozinha, presa numa cama de hospital, onde os únicos sons que escuta são os de uma máquina que não pára de fazer pi…pi…pi… incomoda-a, a cabeça parece que vai explodir, sente os olhos a arderem, quando os fecha gotas escorrem pelos cantos dos olhos. Não, não está chorando ainda, é só o efeito do ardor que sente. Mas um nó adensa-se na garganta e ela sabe que as verdadeiras lágrimas não demoram a chegar.Se ao menos chegasse alguém… tentou gritar, as palavras morriam mudas na garganta, tentou levantar um braço e nada, outro braço… nada, as pernas nem pensar… ela estava completamente morta naquela cama, só as dores insuportáveis a convenciam que ainda não tinha feito a passagem.Agora sim, as lágrimas corriam soltas e o desespero tomou conta dela.Do corredor ouviu um grito, alguém chamava um médico e segundos depois tinha a cama rodeada de batas brancas, estetoscópios e aparelhos… pronto, agora é que vou morrer, pensou ela.  Mas se vou morrer, porque se riem? Porque estão felizes?Uma senhora pergunta-lhe o nome… o nome? Que nome tenho? Ai… nem se tinha lembrado de pensar como se chamava, o nome… tentou dizer que não se lembrava, mas não conseguia falar.  Até que um tubo foi bruscamente arrancado da garganta e a sua voz foi ouvida. Quem era esta voz, quem sou eu? Pediram-lhe que contasse os números, ela sabia contar, ela tinha a certeza que sabia escrever, ela conseguia falar, ela sentia dores, ela só não sabia quem era…
Só faltava saber se isso era bom ou mau…